Originado de uma família expatriada, o Porsche 356 ultrapassou os esportivos globais ao apresentar motores maiores e mais potentes.

Em primeiro lugar, o Porsche 356 teve sua origem na Áustria, sendo desenvolvido em um barracão em Gmünd, localizado a 130 km da Alemanha. Foi nesse local que os irmãos Ferry Porsche e Louise Piëch estabeleceram a Porsche Konstruktionen GembH em 1º de abril de 1947.

Ambos eram filhos de Ferdinand Porsche, que foi preso sob suspeita de colaboração com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Contudo, após sua libertação em 1948, o professor Porsche se envolveu diretamente no projeto do 356 em seu escritório de engenharia automotiva.

Os protótipos do 356

Um esportivo leve de apenas 585 kg, com carroceria de alumínio, baseado no conceito de motor central previamente explorado por Ferdinand no P-Wagen dos anos 30.

Equipado com um motor de 1,1 litro e 40 cv, o mesmo utilizado no Fusca, o veículo oferecia desempenho notável devido à sua aerodinâmica refinada. Sob o mesmo ponto de vista, sua aceleração fazia de 0 a 100 km/h em 23 segundos e velocidade máxima de 135 km/h.

Entretanto, a disposição do motor central resultava em um problema, pois a barra de torção e os braços da suspensão traseira ficavam posicionados atrás dos semieixos, acentuando a tendência ao sobre-esterço.

Enquanto faltvama recursos e tempo para desenvolver uma suspensão aprimorada, a solução foi criar o 356/2, com o motor traseiro seguindo a mesma configuração do Fusca.

Porsche com cara de Fusca?

Logo após suas mudanças, o cupê, projetado por Erwin Komenda, foi apresentado no Salão de Genebra de 1949, e claramente vieram as comparações com o Fusca.

A ajuda de Heinz Nordhoff, presidente mundial da Volkswagen, foi fundamental para o retorno da família Porsche a Stuttgart (Alemanha), onde Ferry iniciou a produção do 356/2. Por outro lado, sua estrutura monobloco de aço estampado era fornecida pela encarroçadora Reutter.

Os modelos 356 fabricados em Gmünd foram extremamente raros, sendo os únicos a possuir carroceria de alumínio. Ainda assim, um desses exemplares conquistou uma vitória emblemática nas 24 Horas de Le Mans de 1951, marcando o início do domínio da Porsche nessa competição.

Eventualmente, a celebração da família foi levemente abalada pela triste notícia do falecimento do professor Porsche em janeiro daquele ano.

A evolução do Porsche 356

Em contrapartida, ainda no mesmo ano, o veículo recebeu um motor 1.3 de 44 cv, freios com tambores de alumínio aletado e amortecedores telescópicos.

Em 1952, foi adotado o para-brisa inteiriço, seguido por novos para-choques, o motor 1.5 de 60 cv e um câmbio de quatro marchas sincronizadas em 1953.

Por fim, o Porsche 356 começou a impressionar frente a seus concorrentes europeus mais potentes, como Jaguar, Alfa Romeo e Austin-Healey, conquistando a atenção do austríaco Max Hoffman, representante não oficial da Porsche nos Estados Unidos.

Atendendo ao pedido de Hoffman, a marca criou o Porsche 356 Speedster em 1954, uma versão simplificada do veículo voltada para as pistas, caracterizada por um para-brisa mais baixo em comparação ao conversível.

Foi também em 1954 que o carro recebeu uma barra estabilizadora dianteira e teve o motor Volkswagen substituído por outro desenvolvido em Stuttgart.

O motor de 1.5 litro e 60 cv foi substituído pelo motor 528, com a mesma capacidade de 1.5 litro, mas com potência de 70 cv. Nesse sentido, devido ao comando de válvulas mais agressivo, essa versão recebeu a denominação 1500 Super.

O lendário motor 547

Em 1955, o Porsche 356A foi lançado, equipado com o lendário motor 547 e seus quatro comandos de válvulas nos cabeçotes, alcançando 100 cv de potência. Do mesmo modo, foi o primeiro Porsche de rua a receber a denominação Carrera.

Contudo, a dirigibilidade do Porsche 356A comum foi aprimorada com a introdução do novo motor 1.6 de 60 cv. O diâmetro das rodas foi reduzido de 16 para 15 polegadas, e houve revisões na direção e suspensão.

Em 1959, o Porsche Carrera 1600 GS substituiu o motor 547 pelo modelo 692, um motor 1.6 de 115 cv. No mesmo ano, o Porsche 356B foi lançado, apresentando para-choques mais altos e novos faróis.

A versão Super 90 do Porsche 356 apresentava pneus radiais e um potente motor 1.6 de 90 cv, enquanto o motor 692 do Carrera 1600 GT atingia impressionantes 134 cv. Assim, o último aprimoramento do 356 ocorreu em 1961, com um redesenho do capô e uma área envidraçada maior.

Em suma, o Porsche 356 alcançou o auge em 1962 com o 2000 Carrera 2 GS, equipado com um motor 2.0 que oferecia potências variando de 130 a 160 cv, dependendo da configuração. Os freios a disco foram introduzidos apenas no modelo 356C de 1963, como exemplificado por essa peça pertencente ao colecionador paulistano Lucas Chahin.

Ao todo, foram produzidos 76.313 carros até 1965, um número impressionante considerando-se que se tratava de um esportivo caro e exclusivo. Por fim, o legado do Porsche 356 foi sucedido pelo icônico Porsche 911, que até hoje mantém seu prestígio como parte de uma família dedicada à engenharia automotiva.

Ficha Técnica – Porsche 356

Motor: 4 cilindros opostos de 1.582 cm3; 75 cv a 5.200 rpm; 12,5 mkgf a 3.600 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas
Carroceria: fechada, 2 portas, 4 lugares
Dimensões: comprimento, 401 cm; largura, 166 cm; altura, 127 cm; entre-eixos, 210 cm; peso, 935 kg
Desempenho: 0 a 100 km/h em 12,3 s; velocidade máxima de 171 km/h

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